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FILE SP Games apresenta “Game Comics”: Videogames que dialogam com as HQ’s


Não é muito difícil perceber algumas semelhanças entre as histórias em quadrinhos (HQ’s) e os videogames. Ambos são bastante populares dentro da indústria do entretenimento, baseiam-se na imagem narrativa e possuem relação direta com a linguagem cinematográfica. Por tais motivos, há décadas a indústria do entretenimento usa sua popularidade para criar narrativas transmidiáticas que percorrem o universo do cinema, das animações, dos quadrinhos e dos games. Além de seu valor como entretenimento, ambos são mídias que caminham cada vez mais para o reconhecimento como possíveis formas de arte.

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American Born Chinese – Gene Luen Yang

Os quadrinhos estão se aproximando cada vez mais da literatura, ao passo que graphic novels (romances gráficos) são indicadas e, muitas vezes, vencedoras de prêmios de prestígio literário. Este é o caso de “American Born Chinese” de Gene Luen Yang, finalista do National Book Awards; “Sandman” de Neil Gaiman, vencedora dos prêmios de ficção-científica Hugo e Nebula; e “Maus” de Art Spiegelman, vencedora do prêmio Pulitzer.

Já os videogames, principalmente os títulos de estúdios independentes, aos poucos têm voltado sua preocupação à poética do meio, ou seja, características mais relacionadas à ambientação, à estética do software e à recepção do público, e menos ligadas às mecânicas do jogo. Esses elementos muito se assemelham aos da arte interativa e os games dotados de tais características foram apelidados de “notgames” (HARVEY & SAMYN, 2010), por não se encaixar em categorias previamente definidas.

Este ano, a curadoria do FILE Games apresenta “Game Comics”, uma categoria de videogames que dialogam com as HQ’s tanto em sua estética quanto em sua narrativa e jogabilidade. Este é o caso de “Framed”, do estúdio australiano Loveshack, que usa a estética dos quadrinhos policiais noir e tem como grande diferencial sua jogabilidade inusitada, que se dá através da movimentação de enquadramentos, criando diversas narrativas. Outro exemplo que brinca com enquadramentos é “Gorogoa” de Jason Roberts, um game totalmente ilustrado à mão, cuja sobreposição de quadros faz com que a história se desenvolva.

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Em “White Night” (OSome Studio), não existem enquadramentos, mas podemos observar gráficos em preto e branco baseados nos quadrinhos “Sin City”, de Frank Miller. Além disso, sua narrativa de suspense faz referências claras aos filmes de Alfred Hitchcock, ao cinema expressionista alemão e a outros jogos de suspense como “Alone in the Dark”. Já “Kentucky Route Zero” é um videogame em cinco atos, contando uma aventura mágica e sombria, com gráficos que se assemelham às rotoscopias, muitas vezes utilizadas em histórias em quadrinhos.

file-sp-games-2-M&GSem esquecer que o jogo é uma atividade lúdica, a curadoria do FILE Games 2014 traz outra faceta do universo dos games com a mostra “Interplay”, com jogos para não se jogar sozinho! Essa pequena mostra inclui três jogos para tablet criados pelo estúdio holandês Game Oven — “Bounden”, “Fingle” e “Bam Fu” –, e dois jogos para Xbox — o divertido “FRU” e o frenético “Lovers in a Dangerous Spacetime”.

Além da mostra “Interplay” e dos “Game Comics”, a curadoria conta com outros títulos de destaque, como os premiados jogos para PlayStation “Papo & Yo”, “Proteus” e “Sound Shapes”. “Papo & Yo” conta a história de Quico e seu melhor amigo, Monstro, o qual tem um sério vício: sapos venenosos. Ao comê-los, Monstro se torna extremamente violento, mas durante suas aventuras, Quico o ajudará a enfrentar esse problema. “Proteus” e “Sound Shapes” são jogos musicais: o primeiro é descrito por muitos como um anti-game ou mesmo notgame, ou seja, se trata de um game exploratório de universo aberto, no qual seus elementos possuem uma assinatura musical; o segundo é um game de plataforma repleto de quebra-cabeças musicais.

Anita Cavaleiro
Coordenadora do FILE Games

FILE SP GAMES
Onde: Espaço FIESP
Endereço: Avenida Paulista, 1.313 (Metrô Trianon-Masp)
Quando: De 26 de agosto a 7 de setembro de 2014 (diariamente das 10h às 20h)
Entrada: Gratuita e Livre para todos os públicos


FILE SP 2014 – GAMES – PROGRAMAÇÃO

Sege abaixo a lista dos Games que estão na exposição, deixamos em destaque nossos compatriotas brasileiros para que saibam que nós estamos muito bem representados! Confiram abaixo:

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Joymasher – Oniken

Asteroid Base – Lovers In A Dangerous Spacetime – Canadá
Cardboard Computer – Kentucky Route Zero – Estados Unidos
Ed Key & David Kanaga – Proteus – Estados Unidos
Etter Studio – Drei – Suíça
Game Oven – Bam Fu – Holanda
Game Oven – Bounden – Holanda
Game Oven – Fingle – Holanda
Jason Roberts – Gorogoa – Estados Unidos
JoyMasher – Odallus: The Dark Call – Brasil
JoyMasher – Oniken – Brasil
Kurosh ValaNejad & Peter Brinson – The Cat And The Coup – Estados Unidos
Loud Noises! – Headblaster – Brasil
Loveshack – Framed – Austrália
Might and Delight – Shelter – Suécia
Minority Media Inc. – Papo & Yo – Canadá
Nyamyam – Tengami – Reino Unido
Osome Studios – White Night – França
Playdead – Limbo iOS – Dinamarca
Queasy Games & I Am Robot and Proud – Sound Shapes – Canadá
Right Square Bracket Left Square Bracket Games – Dyad – Canadá
Tale of Tales: Auriea Harvey & Michaël Samyn – Luxuria Superbia – Bélgica
Them Games – InSynch – França
Through Games – FRU – Holanda
ustwogames – Monument Valley – Reino Unido

Via: FILE SP


Entrevista Exclusiva: Criador do Museu do Videogame conta tudo sobre a exposição!


Com mais de 200 consoles e mais de 6 mil jogos, o Museu do Videogame Itinerante  rodará o Brasil com exposições que permitirão aos visitantes não só conhecer, mas também jogar games clássicos dos últimos 42 anos! Conversamos com o  jornalista e curador do museu, Cleidson Lima, e o bate papo você confere abaixo:

M&G: Como surgiu a ideia de montar o Museu do Videogame?

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Consoles e Jogos expostos no Museu do Videogame

Cleidson Lima: Depois que juntei por volta de 70 videogames, alguns amigos que iam a minha casa sempre me diziam que eu deveria mostrar a coleção para mais pessoas. Particularmente, era algo muito difícil para mim, uma vez que colecionadores são bem ciumentos com seus itens.

Foi aí que, em janeiro de 2011, decidi criar o primeiro Campo Grande Game Show. O intuito do evento era integrar todas as gerações de videogames em um mesmo local, mostrando a evolução desde o primeiro do mundo. Na época, o Kinect tinha sido recém-lançado e a novidade reuniu muita gente. O curioso é que os consoles antigos, como Atari, Nintendinho, Master System, Mega Drive, entre outros, tinham mais pessoas interessadas do que os consoles novos. Foi aí que percebi que o Museu do Videogame tinha muito potencial.

Na primeira edição, foram 70 mil visitantes. Nos anos seguintes, houve um aumento absurdo de público, com mais de 100 mil pessoas. No entanto, este ano foi o que teve maior público, com 162 mil pessoas em 15 dias. E olha que isso aconteceu em Campo Grande – MS, uma cidade com um pouco mais de 800 mil habitantes. Nas grandes capitais, a previsão é ainda maior. 

M&G: Qual é o conceito do Museu, e qual é a proposta principal deste projeto?

Cleidson Lima: Meu objetivo é levar a história e a cultura dos videogames não só para os amantes declarados, mas também para um público que, talvez, jamais iria a um evento geek ou nerd espontaneamente. Por isso, geralmente faremos este evento gratuitamente em shoppings, os quais, além de terem estrutura e proporcionar conforto para os visitantes, ainda têm um público legado heterogêneo e que terá a oportunidade de conhecer uma das maiores coleções em exposição do país.

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ROB – Nintendo

O mais legal de tudo é que, em quatro anos de exposição, descobrimos que o público do Museu do Videogame é totalmente familiar. Não são apenas jovens e crianças. Temos pessoas com mais de 40 anos que ficam emocionados ao levar o filho e descobrir que há, por exemplo, o Atari 2600 para jogar o River Raid que fez parte de sua infância. Ao mesmo tempo, o filho consegue apresentar para o pai as novas gerações de consoles para que ele entendo o novo mundo dos games.

O mais importante do Museu do Videogame é que todas as atrações devem ser de graça. Isso não é negociável. O primeiro evento que fiz, em 2011, tive que cobrar devido à falta de patrocinadores. Não gostei de algumas cenas nas quais havia pessoas jogando porque podiam pagar e outras não. No ano seguinte, iniciei o evento gratuitamente com apoio de patrocinadores e não parou mais.

M&G: Quem são os responsáveis pela organização do evento? 

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Cleidson Lima – Curador do Museu do Videogame

Cleidson Lima: A equipe que organiza o Museu do Videogame é formada por mim, pela minha esposa Janaína Ivo e pelo meu irmão Cláudio Lima. Eu sou jornalista especializado em tecnologia e games e faço isso há 20 anos. Minha esposa, também jornalista, é responsável pela comunicação e marketing do evento. Meu irmão, que é analista de sistemas, faz parte da organização e logística do museu.

Eu me tornei pesquisador na área de videogames em 2009. Aliás, estou escrevendo um livro chamado Almanaque do Videogame – O guia do colecionador. Será um guia ilustrado para amantes dos videogames conhecerem a história de centenas de consoles de várias partes do mundo. Muitos deles nunca chegaram ao Brasil. A previsão é que seja lançado em 2015.

M&G: Quais itens poderão ser vistos nessa exposição? Eles são separados por categorias?

Cleidson Lima: A exposição do Museu do Videogame Itinerante conta com mais de 200 consoles de todas as gerações. No evento, resolvemos adotar uma divisão por linha do tempo e também por famílias de consoles. O visitante, por exemplo, poderá ver a evolução dos consoles da Nintendo, desde o Famicom até o Wii U, passando pelo Nintendo 8 bits, Super Nintendo, Nintendo 64, Game Cube, Wii, entre outros.

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Magnavox Odyssey 1972

Entre as relíquias estão o primeiro console fabricado no mundo, o Magnavox Odyssey, de 1972; o Atari Pong (primeiro console doméstico da Atari), de 1976; Fairchild Channel F, de 1976 (primeiro console a usar cartuchos de jogos); o Telejogo Philco Ford, de 1977 (o primeiro videogame fabricado no Brasil); o Nintendo Virtual Boy, de 1995 (o portátil da Nintendo que tinha formato de óculos); o Vectrex, de 1982 (console com jogos vetoriais que já vinha com monitor); o Microvision (primeiro portátil a usar cartucho), de 1979 e o R.O.B (robozinho lançado juntamente com o Nintendo 8 bits, em 1985).

E as raridades não param por aí. Há itens realmente desconhecidos até mesmo para alguns colecionadores, como o Coleco Telstar Arcade, de 1977. Lançado na era pong, o console era triangular e cada um dos seus lados tinha um controle diferente. Seguindo a mesma linha, o Museu do Videogame Itinerante traz o Coleco Telstar Combat, de 1977, que tinha como foco o público que gostava de tanques de guerra. Outro videogame do acervo, o Action Max, de 1987, trazia jogos de tiro em fitas de videocassete. Os curiosos também podem curtir o Bandai Pip Pin Atmark, o único videogame criado pela Apple, em 1995. Todos os itens trazem informações com nome, data de lançamento e detalhes técnicos dos videogames. Alguns consoles antigos trazem também vídeos com comerciais de época e detalhes de como funcionavam.

M&G: Já possuem uma estimativa dos locais que serão visitados? Poderia nos adiantar alguns?

Cleidson Lima: Nós já temos pedidos para que o evento vá para 32 shoppings no país. Alguns deles estão fechando contrato, mas exigiram, pelo menos por enquanto, sigilo. O que posso adiantar é que o evento visitará grande parte das capitais brasileiras, do Norte ao Sul do país, além de alguns municípios do interior.

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Layout do Evento

M&G: A partir de quando os trabalhos irão começar? E até quando teremos essa exposição itinerante?

Cleidson Lima: As exposições começarão agora no fim de 2014 e vão se estender pelos próximos anos. Diferente de alguns museus, o Museu do Videogame Itinerante não tem conteúdo estático. Se atualmente tem 215 consoles, muito em breve terá 250 ou 300 consoles e muito mais atrações. A cada ano vamos nos reinventar e trazer cada vez mais novidades para os entusiastas dos games antigos e atuais.

M&G: Qual mensagem você deixaria aos futuros visitantes do Museu dos Videogames?

Cleidson Lima: O Museu do Videogame é itinerante porque não pode pertencer a uma só cidade. Temos milhões de pessoas em todo o Brasil que gostam do mundo dos games e devem ter a oportunidade de conhecer tudo isso gratuitamente. Estamos buscando apoios da iniciativa pública e privada para que isso seja viável.

Da mesma forma que há incentivos para shows musicais, eventos esportivos, exposições de quadros e esculturas, peças de teatro, entre outras formas de cultura , vamos buscar também apoio para disseminar a cultura dos videogames no país. Videogame é arte sim e deve ser tratado como tal.

Curtiu nossa entrevista? Então que tal escrever nos comentários a sua localidade e o seu interesse em visitar o museu? Com certeza o Cleidson vai acompanhar esses comentários e quem sabe o museu não visite a sua cidade? 😉

Fã Page: Museu do Videogame Itinerante