Gênero e Videogames: chega de separar meninos e meninas
Vai rolar em meados de julho e agosto, na Finlândia o Assembly Summer 2014, evento que receberá a competição de qualificação do mundial de Hearthstone: Heroes of Warcraft, DOTA 2 e Ultra Street Fighter IV e que vem chamando atenção por não permitir mulheres na competição. O trouxe novamente à tona a já velha discussão sobre a mentalidade do “clube do bolinha” que ainda reina no mundo dos games e continua separando meninos e meninas… que deveriam estar jogando todos juntos. O pessoal da PC Gamer foi atrás da informação, e a resposta que tiveram de Markus Koskivirta, responsável pela competição foi a seguinte:
“A informação está de fato correta, o torneio é aberto apenas para jogadores do sexo masculino. Para estar de acordo com as regras da Federação Internacional de e-Esportes (IeSF), uma vez que o evento principal – em Baku – é aberto somente aos homens. Isso evita a ocorrência de possíveis conflitos, como uma jogadora eliminar um jogador durante os combates, entre outras coisas.”
SIM MARK, manter mulheres fora da competição é realmente uma ótima maneira de evitar ocorrência de possíveis conflitos, como uma jogadora eliminar um jogador durante os combates, um absurdo uma menina ganhando! Ao permitir que uma mulher se inscreva para a competição finlandesa, existe o risco, PASMEM, de todos verem uma mulher vencendo, UMA MULHER. Absurdo. Seria o fim do mundo. [ironia]
“A decisão de dividir competidores homens e mulheres foi feita de acordo com as autoridades internacionais de esportes, como parte do nosso esforço de transformar e-Esportes em esportes legítimos. Xadrez por exemplo tem campeonatos divididos entre homens e mulheres.”
Infelizmente é bastante comum para nós mulheres gamers lidarmos com o machismo, nos deparamos com opiniões grosseiras, descaso, ofensas, palavrões e baixarias, de todos os piores tipos. Não são todos os jogadores, mas são MUITOS os que compartilham dessas ideias absurdamente equivocadas com relação as mulheres. Seria incrível para ambos os lados se o gênero deixasse de ser um ponto tão mais importante do que a nossa capacidade de jogar, de nos divertir e nos relacionar.
Fruto desta polêmica, a IeSF acabou por decidir que a separação de jogadores por gênero deixa de ser uma das regras para o torneio e também se posicionaram em seu Twitter oficial:
“A IeSF ouviu a comunidade gaming e considerou cuidadosamente as suas opiniões. Após ouvir estas preocupações, a IeSF convocou uma sessão de emergência com o quadro de diretores para responder” Como resultado, a IeSF terá duas categorias nos eventos: “Aberto para todos” e eventos reservados para as mulheres. Os eventos que inicialmente foram reservados para a divisão masculina serão agora abertos para todos os género. Os eventos que inicialmente foram reservados para a divisão feminina vão permanecer como estavam”
Estamos cientes da opinião atual sobre a divisão dos torneios de acordo com gêneros no IeSF 2014. Estamos coletando as opiniões, e faremos uma atualização em breve.
Nunca houve uma intenção de discriminar. Estamos trabalhando em uma solução agora mesmo, e em breve vamos postar nosso anúncio oficial.
A declaração oficial sobre a decisão infeliz sobre a separação de gêneros no IeSF 2014 está prestes a ser publicada. Fiquem ligados.
Este foi apenas mais um caso, entre tantos que acontecem todos os dias em jogos, fóruns, redes sociais e também fora da internet. Vale lembrar que o assunto deve ser debatido, que nós mulheres gamers devemos sempre falar sobre o assunto e buscar reconhecimento no mercado de trabalho e nas comunidades de jogadores.
Uma pequena vitória que deve ser comemorada, mas nós estamos no caminho certo? Vamos precisar mesmo seguir entre polêmicas, casos de abuso e preconceito para algum dia (talvez) nos encontrarmos mais próximos de alguma igualdade? Ou pelo menos de mais respeito?
É engraçado ver gamers, nerds e geeks que costumam se gabar tanto de sua suposta superioridade intelectual, de seu conhecimento, e de suas habilidades tendo preconceitos tão retrógrados, fazendo comentários tão preconceituosos e excluindo mulheres pelo simples fato de serem… mulheres. Sério gente, chega desse “clube do bolinha”, o mercado de games pode até ter surgido como um nicho predominantemente masculino mas essa época passou e há muito tempo as mulheres crescem jogando e curtindo toda essa cultura.
E por fim, fica o pedido – julguem um jogador pelas suas habilidades, não pelo gênero no qual ele (ou ela) nasceu.
Fontes: IeSF (International e-Sports Federation), IeSF e PLayTV