Profissional



Futebol não é jogo? Uma discussão sobre regras de jogos inspirada pela Copa do Mundo


A Copa do Mundo no Brasil estimula até o mais nerd dos nerds a discutir futebol. Afinal de contas, sabemos: gamer de verdade jogou pelo menos 80 horas em Skyrim, detonou GTA, discute por horas o time Pokémon perfeito e tem em World of Warcraft a sua religião – mas nunca tocou um jogo da série FIFA Soccer. A copa faz milagres.

Foi assim que iniciei uma discussão com o game designer, professor, autor, pesquisador e doutorando Vicente “Vince Vader” Mastrocola. Ao vermos o duvidoso pênalti marcado a favor da seleção brasileira logo no primeiro jogo da Copa, entendemos que o juiz é um elemento de imprevisibilidade dentro do jogo. Está lá para reforçar as regras, mas, assim como no RPG de mesa, pode interpretá-las como acha mais adequado dentro de certos limites não claramente delimitados em prol da competitividade, justiça e outros atributos subjetivos. Se as regras não são fixas, pode o futebol ser um jogo? Ou ainda, se a aplicação das regras depende da interpretação do juiz em campo, não se assemelharia o futebol mais ao RPG, por ter regras flexíveis?

Apresento essa discussão em profundidade em um texto que disponibilizo aqui, para os interessados.

Para resumir o papo, um exercício: Lembrem-se de todos os jogos digitais que já jogaram. Qual deles tem regras variáveis? Tomb Raider, Minecraft, Assassin’s Creed, Flappy Bird, Battlefield e Street Fighter podem ter múltiplos finais, estratégias, caminhos a escolher… mas todos possuem a mesma regra. Os tiros disparados pela Lara Croft causarão sempre o mesmo dano, pois seguem atributos programados pelo sistema.

Já no futebol, o juiz pode determinar se aquela despencada na área foi ou não pênalti. As regras, portanto, não são constantes, dependendo da interpretação do juiz. E agora, Arnaldo César Coelho?

Segundo a visão de Jesper Juul (2011), um dos gurus do Game Studies, e do nosso senso comum, o futebol é um jogo. Mas onde entra a “interpretação” das regras do juiz? A pergunta é importante pois não se aplica apenas ao futebol, mas a todos os jogos cuja aplicação e vigilância das regras dependem da interpretação e sensibilidade de pessoas, como esportes em geral, jogos de carta e tabuleiros, de interpretação, gamificações e quase todos outros que não são regulados por sistemas computacionais, como os videogames. Uma pergunta semelhante: caso o consumidor não siga o manual de instruções, ele está estragando o jogo?

JUUL - Classic Game Model

Vou dividir uma história pertinente. Por muito tempo joguei Monopoly da seguinte maneira: se caiu em um espaço com uma propriedade que ninguém comprou, você pode escolher se quer adquiri-la ou não. Caso não queira, ela se mantém com o banco até que algum outro jogador caia naquela mesma casa e compre-a, se por isto se decidir. Isto dificultava bastante o jogo que depende da junção de “coleções” de propriedades da mesma cor para possibilitar progresso, além da sorte nos dados, que precisava ser imensa para que um mesmo jogador conseguisse cair nos espaços desejados. 

monopoly-board-web

O tabuleiro de monopoly: os jogadores precisam ter todas as propriedades de uma determinada cor para progredir no game

Apenas recentemente descobri que há a regra do leilão, bastante clara no manual que acompanha o jogo: quando essa situação ocorre, a propriedade não volta para o banco, mas é leiloada pelo valor mínimo de $1, ganhando o jogador que pagar mais. Assim, qualquer jogador que caia naquela casa põe a propriedade em jogo, se tornando mais fácil adquirir coleções. Fiquei duplamente surpreso. Primeiro pela descoberta de que todas as injúrias proferidas aos criadores do jogo eram infundadas. Segundo, e mais importante, por termos utilizado regras alteradas e isto não ter aparentemente impactado na nossa experiência enquanto jogadores, pois vínhamos consistentemente nos divertindo com Monopoly.

Como agentes reforçadores da regra, eu e meus colegas jogadores falhamos terrivelmente. Nós não seguíamos as regras à risca e, ainda, inventávamos outras regras para suprir nossa incompetência em ler um manual com atenção. Poderíamos dizer que não estávamos jogando, pois flexibilizamos as regras? Como juízes do jogo, alteramos a regra escrita, interpretamos mal, mudamos lances… e, por isso, deixamos de jogar?

Quem apresenta tal discussão com grande maestria é o Doutor Gonzalo Frasca em sua dissertação (2007), onde procura, inicialmente, definir o que é jogar e o que é jogo – uma discussão que pode parecer tola ao senso comum já que envolvem a atividade e o objeto que são tão comuns no cotidiano, mas que possuem inúmeras interpretações e, portanto, de difícil debate acadêmico. Separar o jogo enquanto objeto (e sua estrutura formal) do ato de jogar e considerar ambos essenciais para a existência do jogo como um todo é a chave para a compreensão desta situação. Não basta uma estrutura formal, é necessário que os jogadores acreditem no jogo. Afinal, para Frasca, “jogar é subjetivo” (p.50). Isso significa que uma determinada atividade pode ou não ser jogo, dependendo, entre outros elementos, de um estado mental dos envolvidos. 

A partir de Frasca, diria que o papel do juiz, desde o princípio dos jogos, é de reforçar as regras e, mais importante, de manter coeso o envolvimento dos jogadores e espectadores com o jogo. Temos a sensação que as decisões tomadas são hora a favor do nosso time, hora do oponente – o que talvez demonstre nosso envolvimento enquanto espectadores – mas, acima de tudo, as decisões do juiz são sempre a favor do jogo enquanto um sistema de regras que exigem participação para produzir sentido. A imprevisibilidade, colocada em questão, não é um atributo particular do juiz, mas de todo o sistema do jogo. O juiz é tão culpado de ser imprevisível quanto o jogador, que pode ter cãibras ou que pode “acreditar na bola” e fazer um lance memorável.

arcade-1-arm-carVejo essa discussão muito pertinente para quem trabalha com gamificação. Afinal, como fazer com que os usuários do seu website, alunos em sala de aula e funcionários em treinamento se mantenham participativos? Como respeitar os diferentes perfis e fazer, ainda, com que todos gostem do conteúdo? Essas são dúvidas que eu possuo enquanto um profissional que trabalha com isto. Compreender que o ato de jogar é subjetivo faz-me sentir como um juiz de futebol, ou um mestre de RPG em sala de aula – não tenho um sistema computacional que faça meus alunos seguirem à risca as regras, e por isso sinto que é preciso retorcer certos limites para manter esse estado mental de participação. Uma vez quebrado, dificilmente é restaurado.

Afinal, se o problema reside na dependência da imprecisa decisão humana para o seguro prosseguir do jogo, o próprio Juul reconhece o papel da computação nesse processo. Não se trata da aplicação de câmeras nos estádios, como disse anteriormente, mas de criar sistemas computacionais que geram diferentes experiências para seus usuários – conhecidos como cibertextos (AARSETH, 1997) ou videogames. Eles mudaram a forma através da qual as regras são processadas em um jogo, pois conseguem manejar regras complexas e suas inúmeras dinâmicas de modo que seres humanos jamais conseguiriam (JUUL, 2011, p 53). Portanto, se alguém espera um jogo de futebol preciso onde as regras são aplicadas à risca e de modo matematicamente inquestionável, é melhor ligar seu PC e jogar o FIFA 14.


Como os videogames podem afetar o nosso cérebro?


O mundo pode ser um lugar hostil para nós gamers. Além do preconceito que muitas vezes sofremos, vez ou outra aparece uma pesquisa querendo provar cientificamente que quem joga não é normal. 

Segundo um artigo do Neurology Now, os games  podem afetar negativamente o cérebro adolescente, resultando em comportamento viciante e menor atividade social. Eu fico brava quando leio essas coisas, mas vamos lá. O assunto deve ser discutido e mais, deve ser pesquisado… continuando… De acordo com o Dr. David Greenfield, Ph.D., fundador do “Center for Internet Technology Addiction” e professor clínico assistente de psiquiatria da Universidade de Connecticut School of Medicine, os jogadores são recebidos com uma onda de dopamina quando eles jogam. No entanto, isto pode resultar na produção de menos do neurotransmissores cerebrais, que conduzem à diminuição nos níveis de dopamina. Para Greenfield os pais são devem a prestar atenção ao que seus filhos estão jogando, estabelecer limites e se comunicar.

No entanto, sabe-se que os games terão um efeito diferente sobre todos os que jogam. Em alguns casos, os videogames podem até mesmo melhorar a habilidade multitarefa, a percepção visual e capacidade do cérebro para processar a informação. De acordo com Ph.D. e professor assistente de pesquisa no departamento de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Indiana, em Indianápolis Tom Hummer, é importante conhecer o comportamento do seu filho. Crianças com vidas sociais saudáveis​​, por exemplo, podem não precisar de limitação em jogos.

“Perguntar quais são os efeitos dos games é como perguntar quais são os efeitos da ingestão de alimentos”, disse sabiamente Dr. Hummer. “Diferentes jogos tem efeitos diferentes. Eles podem ter benefícios ou malefícios, dependendo do que você está olhando.” Olha esse Dr. Hummer mandando bem!

Outras pesquisas afirmam ainda que “Jogar um jogo é uma atividade mais sociável do que assistir a um filme.” Lucy Prebble, atacou o estereótipo popular que caracteriza jogadores adolescentes como “autômatos gordinhos” que passam os dias matando inimigos virtuais e comendo batatas fritas.  A escritora premiada disse que jogar requer mais envolvimento e contribuição criativa do que ler um livro ou assistir a um filme – e também oferece mais oportunidades de ser ativo e sociável. Para ela, os games devem ser reconhecidos como uma forma de arte  pela maneira como estimula a criatividade, disse Prebble.

Ela disse que a experiência do jogo é semelhante à escrita, afirmando que ambos são, atividades criativas particulares muito diferentes de assistir a filmes ou ler livros. Games exigem que o usuário tome decisões, dando-lhes a chance de influenciar a história e até mesmo na parte de design, acrescentou. Genial! 

Todo mundo sabe que games realmente podem tornar sua mente mais ágil, melhorar suas habilidades de tomada de decisão e segundo um outro estudo, as pessoas que jogam videogames de ação reagem mais rápidos do que aqueles que não jogam. Videogames de ação normalmente se referem a “jogos de tiro, onde você passar por um labirinto e você não sabe quando um vilão irá aparecer”, disse a pesquisadora Daphne Bavelier, neurocientista cognitivo da Universidade de Rochester, em Nova York.

Um outro estudo (porque olha, são muitos) desta vez encomendado pela  empresa de streaming de vídeos, Twitch, conduzida pela LifeCourse Associates, empresa de consultoria presidida por Neil Howe, teve como objetivo desvendar a disparidade entre o público da plataforma online de vídeos e o estereótipo sustentado há anos.

Entre as notáveis descobertas reveladas pelo estudo, destacam-se:

Gamers possuem uma vida social mais ativa:

  • Gamers são mais propensos a viver com outras pessoas, como amigos e familiares. Os não gamers, ao contrário, mostram-se menos adeptos a esse estilo de vida;
  • O público gamer também se revela mais propenso a concordar com a frase “Meus amigos são a coisa mais importante na minha vida”;
  • Eles também se mostram mais inclinados a desfrutar de formas de entretenimento, como assistir a TV ou vídeos no computador, acompanhado de amigos;

Jogadores são mais próximos da família:

  • Gamers são mais propensos a dizer que têm um bom relacionamento com seus pais;
  • A maioria também concorda que passar tempo com a família e os pais é uma prioridade;

Gamers são mais instruídos e otimistas:

  • O público gamer é mais propenso a possuir uma graduação universitária; o mesmo vale para seus pais;
  • Os gamers tendem a demostrar mais confianças em suas habilidades quando comparado ao público não gamer;
  • A maioria também afirma ser um “líder natural”; eles também se consideram mais criativos que os não adeptos a jogos;

Gamers são mais bem-sucedidos:

  • Gamers são ligeiramente mais propensos a terem empregos de período integral;
  • Eles também correspondem à maioria que diz trabalhar com o que realmente gostam;

Não sei vocês, mas até agora, essa foi a melhor pesquisa que eu li! No entanto o tema é controverso e bastante polêmico, eu sei. Mas é preciso falar sobre o assunto, acredito que faltam pesquisas como esta encomendada pela Twitch cujo olhar investigativo esteja voltado para os efeitos do uso regular porém controlado e saudável dos games na vida das pessoas de diferentes idades. A maioria dos estudos disponíveis acaba por fazer afirmações contraditórias, uma vez que lançam olhares diferentes sobre os jogadores e tendem a avaliar muito mais os gamers viciados e que por consequência, sofrem mais intensamente dos efeitos negativos.

Nós jogadores conhecemos os benefícios que esta forma fabulosa de entretenimento nos traz. Fazemos amigos jogando, conhecemos pessoas em lojas, feiras e eventos. Muitas vezes nós até nos reconhecemos nas ruas pelas roupas que vestimos ou pelos livros que lemos. às vezes é como se um jogo te recomendasse um amigo. Nos encontramos pela vida, no trabalho, na escola, na faculdade e aonde quer que vamos, nossas histórias se cruzam pelos games que amamos. E pelos que odiamos. Quem nunca sentiu saudade de uma época da vida ao ouvir a música de um jogo? Quem nunca se reuniu na casa de um amigo para jogar?

Nós gamers sempre saberemos a verdade. E que venham as pesquisas. Boas ou ruins, elas nunca serão capazes de apagar nossas lembranças mais felizes embaladas pelos jogos que marcam nossas vidas. 😉

Fontes BaixakiJogosLiveScience, The Telegraph, Neurology Now & Polygon.


Sala de aula “Gamificada”. Funciona?


O livro “The Multiplayer Classroom”, de Lee Sheldon, propõe a montagem de um curso exatamente como do vídeo abaixo (em inglês).

[tentblogger-vimeo 88171112]

Então:

Sala normal

< >

Sala Gamificada

Lição de casa

< >

Inimigos

Nota

< >

XP

Direitos

< >

Poderes

Provas < >

Chefões

content_Classcraft_Death

Em essência, é a mesma coisa que uma sala de aula normal, mas com os nomes trocados. Já me perguntei se isso é gamificação, mas a hipótese é “não” – pelo menos, não apenas isto. Retirar da aula certas palavras cheias de atributos pesados como “prova final” e associar o momento com a etapa importante do game ao nomeá-la de “big boss” é uma interessante alternativa para diminuir a pressão dos alunos e permitir que exponham melhor seus conhecimentos. Mas imagino que isso funcione melhor com crianças – e tenho dúvidas.

A parte interessante desse tipo de gamificação aparece quando o professor utiliza a nota de trabalhos e de participação dos alunos para oferecer direitos em sala de aula. Assim como um game desbloqueia novas habilidades conforme ganha XP, o aluno pode trazer material de consulta para prova, ter faltas não contabilizadas, pedir revisão de nota e retirar livros extras na biblioteca apenas se vai bem na disciplina. Aqui vejo algo realmente inteligente.

Já tentamos transformar a sala de aula em um game há algum tempo – chama-se “jogo educativo”, onde o professor transforma a prova em um jogo de perguntas e respostas com um bichinho alegre e feliz fazendo perguntas como “qual o valor de Pi”? Parte destes vêm com um guia de sugestão de aplicação em sala de aula, o que sugere que são direcionados para o professor, ensinando-o a aplicar um conteúdo que ele está acostumado a lecionar de um modo que ele consiga reconhecer. São as mesmas provas, trabalhos e lições de casa, disfarçadas de jogo.

Mas o que é trabalhar com game em sala de aula?

Para entender isso, precisamos nos libertar da observação meramente ferramental e estética do jogo (pontos, vidas, personagens animados, música feliz etc.) e entender a sua estrutura fundamental (estabelecimento de regras, liberdade de ação, construção de experiência para o jogador etc.). A proposta de trabalhar em cima de projetos, oferecendo mais problemas e menos soluções, servindo como um guia e não como o dono da verdade, esse é um caminho mais sensato em direção a tal gamificação.

13542947718Aproveitar as técnicas de game para aplicar na sala de aula não é dar pontos e achievements, mas, assim como nos RPGs de livro, ser um “Mestre do Jogo”, oferecendo desafios escalonados, estabelecendo os limites da atuação dos jogadores/ alunos, quantificando resultados e recompensando de acordo. É um caminho melhor, mas seguramente mais desafiador pois, por ser altamente participativo e depender dos jogadores/ alunos para o sucesso, exige grande adaptabilidade do professor.

Espen Aarseth aponta que, dentro do jogo, as regras funcionam como elementos negociadores que impõem os limites das ações dos jogadores e, assim, dão uma falsa sensação de liberdade. O jogador fazer o que quiser -dentro de certos parâmetros determinados pelas regras-. Do mesmo modo, o professor precisa ser o elemento negociador do percurso, deixando o aluno livre o suficiente para tomas suas próprias decisões, dentro de certos parâmetros.

Sobre essa particularidade, vejo que os PGEs na ESPM (e outros Trabalhos de Conclusão de Curso) tem essa preocupação exatamente. Para os alunos, trata-se de um trabalho autoral, onde o professor os orienta, indicando limites ou sutilmente encaminhando para percursos melhores, “negociando” o que deve ou não ser realizado. Há aqui uma sensação de autonomia, de escolha – que, de fato, existe. Mas precisa respeitar certos parâmetros determinados pelo conteúdo do curso, linhas de pesquisa da escola etc..

O ponto fraco desse tipo de educação é que exige do jogador/ aluno um determinado repertório. Assim como muitos games possuem um tutorial no seu princípio, ensinando para os jogadores as regras e formas de atuação básicas no mundo lúdico, é necessário que esse participante adquira um repertório mínimo para que possa realizar a tarefa com competência. Não por acaso são trabalhos de conclusão do curso – é autoral e livre pois supõem que o aluno já tenha adquirido o repertório necessário para compor um trabalho dentro dos requisitos mínimos. Nenhum jogo (bom) põe o jogador logo no início para enfrentar o maior desafio possível. É um processo gradual de educação do jogador, onde seu trabalho vai lentamente dificultando e, consequentemente, exigindo mais esforços e também mais recompensas. Assim, acho difícil a aplicação desse formato ativo em disciplinas-base, que dão os primeiros fundamentos ou introduzem os estudantes a um determinado assunto. Algumas vezes simplesmente é necessário se debruçar sobre os livros, ou atentamente ouvir o palestrante.

HiRes-resized-600Em síntese, podemos mudar o nome das coisas e chamar prova de chefão, mas isto não parece ser suficiente para alterar métodos de ensino. Pelo contrário, parece que “Gamificar” e todo o vocabulário dos games viraram palavras substitutas para coisas que já se aplicam em sala de aula. Claro que há muito que podemos aprender com os jogos digitais. Afinal, enquanto cibertextos, exigem uma literatura ergódiga (de Ergos, esforço). Ou seja, o jogador precisa agir sobre o sistema para dele extrair informação. Nesse sentido, como professor, acredito que o caminho é oferecer possibilidades de simular experiências para os alunos, mesmo que fantasiosas. Capitanear uma nave espacial que faz comércio entre planetas pode ser a versão lúdica da administração de um varejo. É nessa semelhança, da simulação de um mundo possível, que vejo caminhos positivos para estimular o aprendizado para aqueles que desejam aprender. Afinal, como diz Huizinga, o jogo é um ato voluntário.

De um papo acadêmico com os professores Vicente “Vince Vader” Mastrocola e Fabiano Rodrigues.

Fontes:
AARSETH, Espen. Cybertext: Perspectives on Ergodic Literature. The Johns Hopkins University Press: Maryland, 1997
CLASSCRAFT. Gamify your classroom & Make Learning an Adventure. Disponível em http://www.classcraft.com/en/. Último acesso em 06/06/2014.
FULLERTON, Tracy. Game Design Workshop: a playcentric approach to creating innovative games. Burlington: Elsevier, 2008.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007.
SHELDON, Lee. The Multiplayer Classroom: Designing coursework as a game. Cengage Learning: Boston, 2012


Youtube, Twitch e o futuro da gravação de Gameplays


O mundialmente conhecido e acessado YouTube, pretende comprar a Twitch, empresa especializada em streaming de vídeos de games, por mais de 1 bilhão de dólares. A notícia foi divulgada pela revista Variety e pelo jornal The Wall Street Journal que classificaram a negociação como “iminente”, ou seja, trata-se de um contrato praticamente certo e em vias de ser concretizado. 

A Twitch foi fundada em 2011  pelos co-fundadores do Justin.tv, Justin Kan e Emmett Shear e desde então se transformou na mais importante plataforma mundial de streaming de vídeos de games. Segundo dados publicados pelo DeepField, um milhão de usuários únicos transmitem vídeos utilizando a plataforma todos os meses, chegando até mesmo a apresentar picos maiores de tráfego que o próprio YouTube.

Na onda de aquisições e negociações surge um rumor, diversas fontes confirmaram ao Re/code que o Yahoo se prepara para colocar um novo site de vídeos no ar. Supostamente para conseguir competir com o Youtube, o site de vídeos do Yahoo ofereceria benefícios para canais populares do YouTube, ajudando-os a gerar receita suficiente para crescer como empresas viáveis e se aproveitando de uma falha conhecida da concorrente. Outros rumores mencionam a compra do site News Distribution Network (NDN) por cerca de US$ 300 milhões.

youtube-twitch-youtwitchMas como isso afeta os produtores de conteúdo online, os jogadores e o mercado de games? O tema será discutido hoje à noite, às 20h em um hangout onde um grupo de amigos se reúne para falar sobre games, discutiremos a investida das fabricantes de consoles nesta área e como essa tendência está mudando a maneira como buscamos informações sobre determinados jogos, além da indústria como um todo. Participe deixando comentários e perguntas no Twitter, pelo canal do Youtube e pela hashtag #VidaExtra.

Para assistir e participar da nossa conversa sobre o streaming de vídeos hoje às 20h, acesse o canal Vida Extra.


Splitplay se consolida como a primeira plataforma de venda EXCLUSIVA de jogos brasileiros!


Lançado recentemente o Splitplay surge com a premissa de tornar o mercado de indie games melhor no Brasil e na América Latina, engajados na divulgação de sua plataforma, recebemos um contato de um de seus fundadores o Rodrigo Coelho, que em uma entrevista exclusiva, resumiu em 3 tópicos o projeto até este momento, comentando sobre as dificuldades, repercussão e expectativas quanto ao Splitplay.

splitplay fundadores

Foto dos Fundadores – Da esquerda para a direita: Henrique Bejgel, Eric Salama, Rodrigo Coelho

1-Dificuldades na implantação do projeto:
Um dos grandes desafios foi mostrar que não somos apenas uma loja e que estamos realmente trabalhando em diversas frentes para ajudar o mercado brasileiro a crescer. O que nos ajudou muito a provar nossos valores foi alguns apoios iniciais que obtivemos de universidades e dos programas SEED, Start-Up Chile e Start-Up Rio. Isso ajudou as pessoas a acreditarem no projeto do Splitplay e nos apoiarem criando parcerias e divulgando nossos jogos.
Na parte técnica, foi um desafio criar do zero um sistema inteiro que atendesse as necessidades e fosse agradável tanto para os desenvolvedores quanto para os jogadores, e que aceitasse a variedade de pagamentos que o público brasileiro precisa.
Mas esses desafios não terminaram com o lançamento, nós temos que continuar criando mais parcerias, criando eventos para o público conhecer os jogos, participando ativamente dos eventos no Brasil e desenvolvendo mais recursos para melhorar a plataforma do Splitplay tanto para os jogadores quanto para os desenvolvedores.

Splitplay_mkt_e_games2-Repercussão:
Está sendo incrível! O lançamento do Splitplay ajudando o mercado brasileiro a ganhar visibilidade foi noticiado em mais de 150 publicações nas últimas duas semanas, os fãs e entusiastas estão mandando muitos emails de apoio e todos os dias recebemos diversas propostas de parcerias para publicação de análises e artigos dos jogos brasileiros no Splitplay. Somos uma plataforma nova e estamos com uma média de 200 usuários novos registrados por dia, o que mostra o interesse do brasileiro sobre os jogos nacionais e mostra que nosso mercado quer jogar os bons jogos feitos aqui, apenas precisam conhece-los.

3-Expectativas para o futuro:
lista de jogos SliptplayAcreditamos que o futuro é muito promissor para o mercado brasileiro, com o trabalho de parceria que estamos fazendo, cada vez mais vamos ajudar os jogos a serem divulgados e mais pessoas a conhecerem a produção nacional. Quando digo “Vamos” não me refiro somente ao Splitplay, mas também aos parceiros de mídia e sites que acreditam no projeto e no mercado brasileiro, criando uma situação ganha-ganha onde os desenvolvedores ganham por terem seus jogos divulgados, os jogadores ganham por terem acesso a mais jogos de qualidade, os sites ganham mais visitantes interessados em um assunto que não abordavam tanto anteriormente e nós ganhamos para continuar investindo no crescimento da plataforma e torná-la uma referência da qualidade dos jogos nacionais.
Na nossa loja principal vamos sempre expor o melhor da produção nacional, mas já estamos fechando parcerias com universidades e até o fim do ano o Splitplay também estará apoiando a produção dos jogos desde a sua base, mas vamos deixar os detalhes sobre essa integração para um outro momento.

Curtiu a nossa entrevista? Então para você que leu a nossa matéria na íntegra e estiver afim de ganhar uma KEY de GRAÇA do game Aritana e a pena da Harpia, CURTA, COMPARTILHE esse post em seu facebook, e deixe seu comentário abaixo para que possamos identificar e sortear o vencedor! E enquanto isso, não perca tempo prestigie a cena gamer no Brasil, e baixe agora mesmo alguns games brazucas no SplitPlay!

www.splitplay.com
Siga também no Twitter e no Facebook


9 Verdades e Mentiras sobre o mercado brasileiro de Games


A imagem que comumente se tem do mercado brasileiro é mais ou menos a mesma. Diversão de poucos adolescentes gordinhos nerds cujos pais pagam bem caro para manter. Quem não se encaixa no perfil parte para a pirataria e, por isso, o setor não se desenvolve. Será verdade??

Pesquisas recentes sobre o setor e o consumidor revelam o que é verdade e mentira sobre o assunto.

fat nerd1) Quem joga game é moleque gordinho e nerd.
FALSO – A idade média dos homens jogadores de games é de 35 anos. Isso demonstra que o jogo eletrônico, introduzido oficialmente no mercado nacional pela extinta Polyvox em 1983 com o Atari, já pertence aos hábitos de consumo de entretenimento brasileiro. As crianças do passado cresceram com os videogames e hoje se tornam um mercado bastante relevante. Alguns, de fato, são gordinhos e nerds.

2) Os games são tão caros no Brasil que viraram diversão exclusiva de rico.
FALSO – Sabemos hoje que 80% dos gamers são da classe B e C. Isso acontece principalmente por conta dos jogos de PC e de mobile, com alta penetração em diversas classes sociais.

3) Quem joga mais videogame é homem.
VERDADEIRO – Porém, as mulheres já representam 41% do público jogador. E não pense que são adolescentes. A idade média delas é de 32 anos. O perfil, no entanto, tende à ser diferente, preferindo jogos sociais, quebra cabeças e de ação.

4) A principal plataforma de jogos é o videogame, como os tais Playstation 4 ou o XBOX ONE.
FALSO – No Brasil, 85% dos jogadores estão nos PCs, jogando os grandes jogos “blockbusters” da indústria, mas principalmente jogando em facebook e portais de jogos espalhados pela internet.

podium5) Ok… então os videogames vem em segundo lugar!
FALSO – Em 2º lugar estão os smartphones como plataforma de games para 73% dos jogadores brasileiros. Estes são os responsáveis pela grande penetração dos jogos nas classes B e C, e por isso muitas desenvolvedoras brasileiras de games desenvolvem aplicativos para smartphones.

6) UAU! Então em terceiro??
VERDADEIRO – 66% dos jogadores estão nos videogames, com 56% destes jogando online.

7) Mas o Brasil tem um mercado de videogames com grande potencial.
VERDADEIRO – Os Estados Unidos é, disparado, o maior consumidor de video games do mundo, com 145 milhões de jogadores ativos. Isso faz com que muitas empresas do setor mantenham o foco de suas operações por lá. O mercado brasileiro tem 35 milhões de jogadores ativos – comparativamente pouco, mas acreditem: é mais do que grande parte dos países da Europa e é o maior mercado da América Latina. A conta é simples: se tem país que a maior parte da população consome games, imagina se fosse igual no Brasil. Vale para vários setores da economia.

8) Quem gosta de joguinho de celular são conhecidos como “casual gamers”, que preferem jogos simples e rápidos, como os de celular e facebook. Já os “harcore gamers” gostam de jogos complexos, conhecem muitos games diferentes e ficam horas a fio na frente da TV.
FALSO – Os jogadores de mobile tendem a gastar 2h40 por dia, jogando de maneira espaçada em casa, no trabalho ou durante momentos de espera, jogando diversos jogos diferentes. Já os jogadores de videogame gastam 2h por dia, ficando apenas em casa, geralmente dedicado à um jogo por vez. A ideia de um hardcore gamer está mais para um fã dedicado do que um grande consumidor de jogos.

mario-cracks-pirates19) A pirataria é a principal culpada pelo sub-desenvolvimento do setor no Brasil.
FALSO – Pirataria é um problema no Brasil, mas que vêm diminuindo gradualmente, especialmente quando consideramos no universo dos games os acessos à jogos via PC ou mobile, como apontamos anteriormente. A quantidade de jogadores que pagam por seus jogos é grande no Brasil do que em muitos países da Europa e da América Latina, com 17 milhões de pagantes. Sabe-se hoje que a pirataria não é a fonte do problema, mas a consequência de uma situação social: ela surge quando é mais conveniente do que a aquisição do original. Ou seja, a dificuldade de acesso aos games por conta dos altos preços motiva as pessoas a procurarem métodos alternativos.

Fontes:
www.uspgamedev.org
www.fgv.br
www.statista.com
www.g1.globo.com
Pesquisa Mobilize
Pesquisa Game Mobile Brasil

 

 


Game Design Canvas – Seu projeto de jogo em 1 página!


Nem sempre é fácil tirar as ideias da cabeça e passá-las para o papel, pensando nisso nossa equipe do Marketing & Games bateu um papo com Thiago Carvalho, criador do Game Design Canvas, que nos contou um pouco mais sobre essa ferramenta que promete colocar o seu projeto de jogo em uma única página!


Mkt&Games:
O que é o Game Design Canvas?
Thiago Carvalho: O Game Design Canvas é o seu projeto de jogo em uma página! 

Mkt&Games: Como surgiu a idéia do Game Design Canvas? 

Thiago Carvalho: A idéia do Game Design Canvas surgiu a partir da dificuldade e burocracia de projetos extensos como um Game Design Document, da necessidade de ter um projeto claro, em uma única página, de fácil comunicação e processo de criação ágil.

foto thiagoMkt&Games: Quem é o criador da ferramenta? 
Thiago Carvalho: Sou eu mesmo, possuo uma grande experiência em Game Design e Gestão de Tecnologia, com experiência em gerenciamento de projetos, design thinking, inovação disruptiva, geração de modelo de negócio, desenvolvimento de clientes, gerenciamento de serviços, governança de TI, a melhoria dos fluxos de valor, metodologias ágeis tecnologias de gestão e estruturas organizacionais para acelerar a criação de valor para o cliente e alcançar melhorias drásticas nos processos de desempenho operacional. Trabalho com diversas empresas e instituições e venho colaborado com importantes Faculdades para introduzir o Game Design Canvas no setor da educação. 
.

1470239_166174090259287_1686678717_n

Mkt&Games: Como utilizar o Game Design Canvas? 
Thiago Carvalho: O Manual do Game Design Canvas, vem com todos os detalhes de como utilizar o GDC, mas você pode começar agora mesmo:

1 – Sonhe: Pense no jogo dos seus sonhos! Use palavras E imagens para descrever seus projeto de jogo colando post-its nos blocos para aumentar a compreensão e ter uma visão geral do jogo. Conte sua história de jogo uma nota adesiva de cada vez.
2- Projete: Use uma nota para cada um dos blocos de construção de seu projeto de jogo. Idéias precisam ser móveis. Aumente a clareza de seu projeto de jogo por codificação de cores com todos os elementos relacionados. E comece a projetar o seu jogo!
3- Melhore: Não se apaixone por sua primeira idéia. Esboce vários projetos de jogos alternativos para o mesmo jogo. Mapeie cada projeto de jogo novo e inovador que você encontrar. Compreenda, aprenda e tente aplicar ao seu projeto de jogo.
.
Mkt&Games: Quais são os benefícios do Game Design Canvas?
Thiago Carvalho: Segue alguns dos benefícios:
– Visão geral de todo o projeto
– Menos burocracia e documentação abrangente
– Mais interações entre os indivíduos e colaboração entre os envolvidos melhorando a comunicação
– Capacidade de resposta a mudanças
– Mais clareza por ser visual
– Agrupamentos de idéias
– Simplificado
– Sequenciado
– Rápido aprendizado e assimilação
– Compreensão, aprendizado e aplicação no projeto
– Agilidade na geração de idéias, formalização idéias, teste e avaliação
– entre outros…
.
game-desing-canvas-marketing-games
.

Mkt&Games: Quem utiliza o Game Design Canvas?
Thiago Carvalho: Visionários, game designers, desenvolvedores e jogadores ou qualquer um que se esforça para melhorar um projeto de jogo – ou criar um novo.

Mkt&Games: Existe alguma versão online do Game Design Canvas?
Thiago Carvalho: Sim, existe uma versão do Game Design Canvas em Drawing Google Docs para editar online e compartilhar com sua equipe! Em breve teremos um aplicativo para Tablets e Smartphones.

Mkt&Games: Onde pode ser feito o download do Game Design Canvas?
Thiago Carvalho: Através do site do Game Design Canvas, o Manual do Game Design Canvas, também conterá um poster A1 com o Quadro de Projeto de Jogo.

Ficou curioso para ver como funciona O Game Design Canvas, então baixe agora a ferramenta e nos conte quais foram suas impressões!

www.gamedesigncanvas.com
www.facebook.com/gamedesigncanvas/
http://twitter.com/gdcanvas


Produtor de jogos: Os desafios da publicação de games no Brasil


Cerca de 35 milhões de brasileiros compram consoles, jogos e games para PCs, tablets e smartphones fazendo o setor faturar algo em torno de R$ 5 bilhões por ano – e a estimativa é que supere os 75 bilhões até 2017. Aqui no país as vendas de games cresceram 25% entre 2012 e 2013, segundo a GFK. Em 2012, o crescimento registrado foi de 134%. Apesar do crescimento e da tecnologia para criar e publicar jogos no Brasil estar cada vez mais acessível, são inúmeros os desafios e dificuldades de quem deseja trazer um jogo para o Brasil.

O Marketing & Games teve a oportunidade de conversar com Bruno Pansarello, Produtor de Jogos na Hoplon, desenvolvedora e publicadora nacional responsável por trazer ao Brasil jogos como APB Reloaded e Bounty Hounds Online. Bruno nos contou das dificuldades e prazeres do cargo que ocupa, tendo trabalhado em parceria com empresas como Blizzard, Ubisoft e tendo contribuído ativamente para a Machinima Network como recrutador, Bruno fala sobre sua longa experiência no mercado de jogos e dos desafios da publicação no Brasil.

Bruno Pansarello, Produtor de Jogos na Hoplon967655_10200802828711862_695509461_n
“Quando eu era pequeno, eu estava sempre pensando em mundos diferentes na minha cabeça, imaginando como seria isso ou aquilo, minha imaginação voava para bem longe e eu tinha idéias ilimitadas para tudo o que era tipo de aventura.” – “PansaJones” como veio a ficar conhecido mais tarde na internet foi parceiro de inúmeras desenvolvedoras nacionais e internacionais, contribuindo para a divulgação de diversos títulos populares. “Fui consultor de diversas empresas de jogos, fundei o Wowhelp um fansite do Jogo World of Warcraft e a Gamehelp um site de noticias que tinha como objetivo ter a qualidade e desempenho dos portais de jogos lá de fora. fui patrocinador de times de E-sports além de realizar e organizar campeonatos online dos jogos Starcraft II e League Of Legends. Cada vez mais tudo girava em torno de focar neste mercado até que tomei a decisão de largar tudo e seguir no mercado de jogos online.”

05_Performance_Pack_Group_Shot

APB Reloaded

Quando questionado sobre sua visão do mercado atual, Bruno relata o que todos nós imaginávamos: “O mercado de jogos no Brasil, de forma geral ainda é, por assim dizer, ‘como um bebe engatinhando’, isso dificulta muito a forma como um investidor ou empresa enxerga o videogame como produto, mesmo o Brasil sendo um mercado com um enorme potencial de crescimento. Além de ser um mercado ainda imaturo, temos dificuldade em encontrar veículos de mídia especializados no segmento de jogos, atualmente apenas o Youtube é capaz de oferecer esse grande impacto” Pansarello enfatiza que muitas empresa nacionais não valorizam o pequeno produtor de conteúdo e que para ele, o segredo de uma boa divulgação focada no público correto, muitas vezes está justamente em canais e blogs menores onde a participação da comunidade é mais forte e principalmente onde essa comunidade é ouvida.

Com o objetivo de cuidar prontamente da comunidade de jogadores que gerencia, Bruno Pansarello acredita que para garantir o sucesso da publicação de jogos no país é preciso estar focado no jogador brasileiro: “Parte imprescindível da adaptação de um jogo publicado no mercado brasileiro é que ele esteja não só apenas traduzido para nossa língua como também localizado – a localização é quando nossa cultura é inserida no contexto do game, para que o jogador tenha mais imersão e sinta-se parte do jogo.”

Lunar Battleground05

Bounty Hounds Online

O ex recrutador do Machinima, finaliza a entrevista falando sobre as vantagens que o cargo de Produtor de Jogos traz: “Eu acho que primeiramente o cara que ocupada um cargo de produtor  tem que ser um jogador e claro gostar muito de jogos, acho que é isso que torna meu trabalho um prazer para mim. Eu preciso jogar e conhecer o meu produto e por isso eu tenho a vantagem de poder dizer coisas como: ‘Amor, hoje vou precisar trabalhar até mais tarde, estão implementando um novo sistema dentro do jogo, tenho que testá-lo’ sabe com é…”

O mercado de jogos nacional que vemos hoje, apesar do grande potencial de crescimento, ainda enfrenta diversos desafios que vão além de impostos contratos e mão de obra – para driblar a concorrência, empresas nacionais como a Hoplon se focam em cuidar de sua audiência, e em trazer e produzir jogos de qualidade para garantir sua sobrevivência e buscar alcançar o crescimento. Profissionais como o Bruno contribuem ativamente para que este seja um mercado cada vez mais NOSSO.


Estudo sugere que violência poderia estar relacionada a dinâmica do jogo


vid game violence picSentimentos relacionados a agressão experimentados depois de jogar videogame podem estar ligados mais a mecânica do jogo do que ao seu conteúdo violento , sugere um estudo. Os pesquisadores realizaram uma série de testes, inclusive envolvendo a realização de uma versão não – violenta do popular jogo Half- Life 2. Jogos modificados para induzir a  a sentimentos de incompetência – produziriam reações mais agressivas.

Para chegar a essas conclusões, a equipe de pesquisadores abriu uma investigação mais sofisticada sobre jogos violentos.

“Há uma necessidade dos pesquisadores que estão interessados ​​nestas questões e não apenas para escolher um ou dois games”, disse o Dr. Andrew Przybylski do Oxford Internet Institute, que realizou a pesquisa junto com colegas da Universidade de Rochester em os EUA. “Nós precisamos ter uma abordagem mais sofisticada, então estamos lendo toda a leitura disponível sobre os métodos experimentais.”

A ligação entre violência e jogos de videogame é um tema muito debatido entre os psicólogos. Um estudo recente sugere que jogar videogames violentos por longos períodos de tempo pode conter a “maturidade moral ” de adolescentes . Surgiram problemas com os adolescentes que passavam mais de três horas por dia na frente de uma tela, jogando continuamente esses jogos violentos, sem qualquer outra interação da vida real.

Evaporando inimigos:

timthumbO estudo da Universidade de Oxford, no entanto, acredita que este foi o primeiro a olhar para o impacto da mecânica de jogo na agressão. Os resultados foram publicados no Journal of Personality and Social Psychology. “A agressão decorre de não se sentir no controle ou de sentir-se incompetente ao jogar” disse Prof Richard Ryan da Universidade de Rochester. A pesquisa procurou estabelecer se era a violência nos jogos que fizeram os jogadores se sentem mais agressivo, ou uma combinação de outros fatores.

Seis estudos separados foram realizados. Um deles foi modificando o Half-Life 2 – um jogo aclamado pela crítica. Os pesquisadores criaram uma versão modificada, na qual, em vez de remover violentamente os inimigos, o jogador os fariam então evaporar. Esta versão foi testada junto com a versão normal, a considerada violenta. No entanto, apenas alguns dos jogadores receberam um tutorial antes de jogar o jogo para que eles pudessem se familiarizar com os controles e da mecânica de jogo. Os pesquisadores descobriram que foram os jogadores que não tiveram o tutorial que sentiram menos competente e mais agressivos, mais do que as pessoas que jogaram a versão mais violenta do jogo.

OkayFrustração:

“Estamos focados nos motivos que levam as pessoas a jogarem videogame e descobrimos que os jogadores têm uma necessidade psicológica de sair por cima quando se joga”, disse Przybylski. “Se os jogadores se sentem frustrados pelos controles ou o design do jogo, eles podem acabar se sentindo agressivos. Esta necessidade de dominar o jogo era muito mais importante do que se o jogo continha material violento.”

Jogos de computador:

Mais investigação sobre os efeitos a longo prazo dos games é necessária , dizem pesquisadores. “Os jogadores sem qualquer conteúdo violento ainda estavam se sentindo muito agressivos, se não tivessem sido capazes de dominar os controles ou progredir através dos níveis, no final da sessão.” Mais pesquisas são necessárias, o Dr. Przybylski disse, sobre os efeitos de longo prazo de video games de violência além de sentimentos iniciais de agressão. Co -autor Prof Richard Ryan, da Universidade de Rochester , disse: “O estudo não está dizendo que o conteúdo violento não afeta os jogadores, mas nossa pesquisa sugere que as pessoas não são atraídos para jogar jogos violentos a fim de sentir agressivas. Pelo contrário, a agressão decorre de não se sentir no controle ou incompetente enquanto joga.”

“Se a estrutura de um jogo ou o design dos controles frustra e mina o prazer, não é o conteúdo violento que vai conduzir os sentimentos de agressão.”

Artigo original na BBC News


A dificuldade de mostrar para o mundo que seu game existe…


Nos últimos meses tem se falado muito sobre a dificuldade dos desenvolvedores indie de games pelo mundo. No Brasil não é diferente, passam por dificuldades para financiar seus projetos, encontrar mão de obra qualificada e comprometida, custos e encargos são elevados, etc. A realidade ainda é mais dura após o lançamento do game, a maior dificuldade e desafio hoje é fazer com que os gamers saibam que seu game existe, pois com a quantidade de games e aplicativos lançados todos os dias, um bom lugar nas prateleiras virtuais é cada vez mais difícil de se conseguir.

Para entender um pouco mais essa realidade, confira o relato de quem vive na pele esses desafios todos os dias, nós da Mkt&Games conversamos com Rafael Costa, Fundador da Raven Castle Studios que nos contou um pouco sobre suas experiências:

10149458_617100521678456_298019182_nRafael Costa: Em fevereiro deste ano, nós da Raven Castle Studios lançamos o nosso primeiro game, o Galaxy Conquerors para iOS, Android e BlackBerry. Nos dias iniciais de lançamento conseguimos boas taxas de vendas. Mesmo antes de começarmos a divulgação oficial o game vendeu uma boa quantidade de cópias e obteu boas avaliações. Com o passar dos dias e do início da divulgação o que aconteceu foi o contrário, após a primeira semana o Galaxy Conquerors foi caindo nos Ranks das app stores e com isso o número de downloads foi diminuindo.

Um mês depois do lançamento da versão completa que é paga, lançamos uma versão Lite que contém apenas as 6 primeiras missões. Esta estratégia visava alcançar mais pessoas, mostrar que o game era bom e valia a pena gastar um pouquinho para adquirir a versão completa. Ao mesmo tempo baixamos o preço do GC de $1.99 para $0.99. O que aconteceu foi uma repetição do primeiro lançamento, altas taxas de download nos primeiros dias com o jogo bem rankeado, porém rapidamente perdemos posições nos Ranks e com isso caíram os números de downloads.

Uma coisa que nos chamou atenção no entanto foi o que aconteceu com o mercado BlackBerry. Por ser um mercado que conta com menos títulos e uma forma diferente de rankeamento, o Galaxy Conquerors manteve uma boa posição e com isso tem obtido taxas constantes de downloads e vendas. Mesmo que os números não sejam altos no momento, estamos conseguindo defender nosso terreno.

10168442_617100531678455_1011619243_nUm pouco sobre o Galaxy Conquerors:

O GC é um top shooter que lembra jogos como Galaga ou o aclamado Air Attack, no entanto conta com uma estrutura diferente. O game é dividido em uma série de missões com diferentes objetivos que vão desde sobreviver a ondas de inimigos, coletar itens, bombardear alvos e escoltar naves aliadas. Os gráficos são todos em 3D oferecendo um visual moderno e a trilha sonora é completamente original. O game também conta com diversas conquistas (achievements) e 3 níveis de dificuldade que aumentam a série de desafios que o jogador tem para completar todas as 16 missões.

Dura realidade:

Criar bons games não é o bastante! Um bom posicionamento nos ranks das stores é primordial. Sem isso o seu game pode ficar “encostado no fundo das prateleiras virtuais” e ninguém saber que ele existe. Nós desenvolvedores temos que fazer um trabalho melhor para atrair a atenção e interesse do público. A concorrência é enorme, variando entre grande empresas como a Glu e a King à imensa quantidade de novos estúdios e desenvolvedores independentes. Não existe uma fórmula mágica que solucione esse problema. Criar uma comunidade em torno do seu game, entrar em contato com a mídia especializada, fazer boca a boca com a família, amigos, conhecidos, etc. são todas estratégias válidas e que devem ser usadas. Por mais óbvio que pareça é importante repetir e reforçar essa ideia.

10169054_617100525011789_1265146488_n

Estamos em um momento muito importante de transição na Indústria de Games. Hoje está muito mais fácil criar games e por isso a quantidade de títulos aumentou muito, porém a qualidade geral diminuiu. Se quisermos sobreviver e continuar criando novas experiências e viver disso temos que focar em qualidade e em divulgação.

Obrigado por nos deixarem compartilhar nossa experiência. 

O Galaxy Conquerors pode ser baixado em:

Apple App Store: FULL e LITE
Google Play Store: FULL e LITE
BlackBerry World: FULL e LITE

Raven Castle Studios – www.ravencastlestudios.com
Galaxy Conquerors – www.galaxyconquerors.com