Cultura & Política


A indústria dos Games precisa de mulheres fortes!


Apesar do constante crescimento e amadurecimento do mercado de games no Brasil e no mundo, os estereótipos permanecem fortes e muitas vezes, parecem seguir uma “receita” de sucesso. O protagonista perfeito é um homem branco, forte, sedutor e campeão, em todos os sentidos. Já a mulher é eternamente representada como pobre a princesa em perigo.

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A relação do mercado de jogos com o público feminino é antiga e cheia de altos e baixos. Enquanto vemos protagonistas fortes como Ellie, Elizabeth, Lara Croft e Clementine quebrando os estereótipos e preconceitos que acompanham personagens femininas a tanto tempo, ainda temos a mulher sendo representada basicamente como:

  • A durona – é quase “um cara”, dispensa homens e normalmente trata seus companheiros do sexo masculino como imbecis;
  • A princesa em perigo – a delicadeza em pessoa, uma criatura totalmente inútil para história, serve de troféu – ou é um empecilho;
  • A fantoche sexual – alerta máximo de futilidade, ela está lá porque na mente dos engravatados (ignorantes) da distribuidora, seu corpo sensual significa lucro.

Devo confessar que esta realidade me assusta, tendo em vista o tamanho crescente da participação da mulher no público gamer – em outubro de 2013 foi divulgada pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos e Negócios em Marketing Digital da ESPM, SIOUX e pela BLEND NEW RESEARCH e o resultado mostrou que as mulheres já representam 41% dos gamers do país e que elas têm idade média de 32 anos. E nós, diferente do que muitos imaginam, não jogamos só no celular e no Facebook. Nós jogamos Metal Gear, Assassins Creed, Call of Duty, World of Warcraft.

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Se avançarmos para a participação da mulher na indústria de jogos, os números passam a ser assustadores: segundo o site The Border House, a maioria das áreas da indústria tem de 10 a 20% de representação feminina, mas algumas não passam de 5%. E aquelas que conseguem um trabalho no desenvolvimento de games ganham significativamente menos do que seus colegas homens. A maior porcentagem de mulheres na indústria está entre os produtores: 23% deles são do sexo feminino enquanto 77%, do masculino. A diferença mais alarmante, por outro lado, está nos setores de programação e engenharia e áudio, onde 96% dos trabalhadores são homens. E não é só isso.

tumblr_mwau1k7FwS1r1l2i7o2_500O preconceito com a mulher nos games vai muito além do estereótipo nos jogos e do salário. São pequenos atos de desrespeito que nós jogadoras sofremos no dia a dia, nas redes sociais, ao participar de grupos, fóruns e comunidades. Como uma jogadora que trabalha no mercado de games,  através de minhas participações em comunidades já fui acusada de ser um homem (?), já recebi convites explícitos para a realização de atos sexuais em postagens públicas em grupos do Facebook, já fizeram comentários desrespeitosos sobre partes íntimas do meu corpo, já recebi diversas mensagens – públicas e privadas  – de ódio. E claro, ameaças a violência física real, se tornaram em algum momento da minha vida profissional, algo bem menos assustador e passageiro.

Me pergunto quando foi que a “pedreiragem” ouvida em frente a canteiros de obras passou para o mercado de games, e no quanto isso é triste. O caminho é longo, mas creio que nós mulheres não iremos e não devemos desistir de ser uma representação digna, de espaço, reconhecimento e salários justos. De respeito as nossas opiniões dentro e fora dos jogos.

Nós mulheres gamers não queremos atenção – queremos protagonistas fortes como nós somos diariamente no mundo real. Queremos respeito, um mercado mais justo. Não podemos, como pessoas apaixonadas por jogos, deixar de cobrar a presença de personagens femininas reais. Seja com narrativas impactantes ou na percepção geral do perfil de quem é um gamer, nós só temos a ganhar com isso.

Fontes: Kotaku (1) e (2)GameReporter


Brasil o país da Copa, da Olimpíada, do otimismo e do Canto da Sereia


Começamos o ano de 2014, o ano da Copa do Mundo o ano das eleições e um ano de otimismo, mas vamos analisar com calma esse otimismo em que vivemos ou que pelo menos os meios midiáticos dizem com tanta eloquência que estamos passando.

4609LD1Quase todos os jornais e revistas nos dizem o quanto o país cresceu e o quanto temos espaço para crescer, vejo índices cada vez maiores de crescimento e poucos setores em queda apontados em pesquisas, mas isso é 100% verídico? As empresas e os empresários estão mesmo vendo esse otimismo todo? Ou estamos vivendo um período de euforismo maquiado?

Posso citar minhas experiências, dentro do mercado de tecnologia, começando pelo setor de aplicativos e jogos, é notório que o mundo inteiro tem foco no Brasil e essa percepção foi fortalecida pelos eventos internacionais em que estive e estarei presente para participar. Acontecerá em fevereiro a Macro Rodada de Negócios na Colômbia, em Bogotá, ao qual merece ser dito que é um exemplo a ser seguido de evento voltado ao crescimento de um país. Em Março acontece a E-show em Barcelona, que é um evento de E-Commerce, e logo após, estão previstos outros eventos na Malásia, Dubai, Tunísia e Alemanha.

Claro que todos esses eventos buscam uma coisa só, a oportunidade de fazer negócios no Brasil e também conhecer o mercado brasileiro, o país com mais de 200 milhões de pessoas onde segundo pesquisas, metade da população já tem um smartphone, o que é uma promessa de mercado abundante no setor. Mas a realidade disso tudo pode ser “o canto da sereia”.

sirenO canto da sereia em textos mitológicos em uma explicação bem simples:
Imagine um marinheiro velejando há alguns dias no mar e de repente ele escuta uma linda canção, ele olha no convés do navio e vê uma linda sereia cantando de longe, claro o marinheiro pula no mar e vai de encontro com aquele lindo ser celestial, com voz doce e quando chega perto ela vira um monstro horrível e acaba levando o marinheiro ao fundo do mar. Essa versão não tão poética pode ser um momento ao qual o Brasil está passando.

Apesar das estatísticas de crescimento, a realidade nas empresas pelo que vejo é outra bem diferente. Em dois anos de observação do mercado, vejo se repetir nas empresas de aplicativos e jogos a regra já apontada pelo Sebrae em outros setores, onde muitas empresas que abrem não estão conseguindo completar 01 ano de vida e as heroicas empresas com mais de um ano, estão no mercado porque tem contratos com grandes empresas de telefonia, ou com algum outro segmento que lhes garante a renda mínima de sobrevivência, as poucas empresas de outros países que vem aqui para estudar o mercado, não tem interesse em abrir uma filial e sim uma “representação”, e o motivo é bem claro, tente explicar a um empresário estrangeiro nosso sistema tributário, tente explicar a ele o que é um imposto “simples” ou “lucro presumido”, ou “lucro real”, e pior ainda, explique o que é um SPED e seu funcionamento. Além disso, o tempo médio para a abertura de uma empresa aqui no Brasil é de 30 a 45 dias se tudo estiver correto, o que lá fora leva em média de 03 a 06 dias dependendo do país.

E claro não podemos esquecer que estamos em um país onde “se cria dificuldade para se vender facilidade”.

Não se preocupe, em poucos minutos explicando isso você vai tirar toda a esperança de uma empresa estrangeira se instalar no Brasil, ou pelo menos, vai deixar essa empresa muito desmotivada.

blownAté mesmo os ótimos apoios e incentivos que o governo vem dando ao longo do tempo, os quais eu mesmo aplaudi de pé e ajudei na inclusão dos mesmos na gestão anterior do Ministério da Cultura, onde foi aprovado a Lei Rouanet para games, encontra sua grande dificuldade.

Estamos com 2 anos de aprovação da lei, e até agora tem sido um trabalho árduo captar recursos junto a empresas para promover seus games, e os motivos que podemos destacar são:

1º) Poucas empresas se interessam pelo setor, e com isso sentem dificuldade em querer investir neste segmento.
2º) Os games estão no artigo 26, onde a empresa é restituída de 70% de seu investimento, os outros 30% ela tem que arcar.
Fica claro que muitas das leis de incentivo ficam valendo para quem muitas vezes menos precisa, como artistas famosos populistas e eventos de entretenimento, pois as empresas escolhem ter seu nome associado a grandes eventos e/ou famosos.

Fora isso outro concurso que merece destaque é o Startup Brasil, do Ministério das Ciências e Tecnologia, uma excelente inciativa para empresas do setor que tiveram seus trabalhos contemplados e possuem dificuldades de serem “aceleradas” ou “investidas” por algumas burocracias desnecessárias.

impostosE, por último, o setor de comércio da área de games no Brasil, que já sofre com a abusiva carga tributária de 72,8% e que no ano de 2013 quase sofreu um colapso, porque a alfandega resolveu barrar toda a entrada de games, colocando-as no “canal cinza”, onde entra o “descaminho e o contrabando”. O mais surpreendente foi que, nem os órgãos responsáveis tinham a explicação adequada para o motivo desse “estado de alerta”. Mas a grande piada vem agora, foram assim classificadas até mesmo empresas que pagam seus impostos e que mantém praticas dentro da legalidade, tudo isso sem maiores explicações.

Gostaria de ser um dos otimistas, quero diante do mercado internacional ter a certeza de dizer:
– Podem investir no Brasil, ele não é apenas o país do futebol e do samba, é também o país da oportunidade na economia criativa, e é um lugar onde vocês não vão se arrepender.
Mas sou adepto a “vérité français” ou a verdade francesa, onde mais vale uma verdade que machuque do que uma mentira que agrade.

Espero de coração que neste ano possamos mudar para melhor, e que em um futuro próximo eu possa fazer um artigo com o tema: «Brasil, o país do futebol, do samba e do investimento com garantia de sucesso!»


Brasil+Competitivo, é possível nos Games?


O grande problema do mercado de games no brasil é bem conhecido de todos, os impostos, sabendo disso a AciGames procura participar de diversos movimentos que possam vir a a contribuir para o mercado de Games como um todo.

Com esta premissa participaremos da audiência publica do “Brasil + Competitivo” (que ocorre hoje) com o intuito de mostrar justamente o porque o mercado de games não deslancha no Brasil.bmaiscompet

Nessa reunião vão estar participando importantes pessoas de todo o mercado brasileiro, bem como políticos e representantes dos ministérios, sendo assim junto com o grupo da PAC-PME vamos direcionar o foco para o problema da alta carga tributária nos games.

O “Brasil+Competitivo” é um programa de aceleração do crescimento para pequenas e Médias Empresas, uma plataforma completa de soluções empresariais, a qual disponibiliza recursos de maneira simples e descomplicada. (saiba mais)

Já estamos com mais de 35 confirmados (incluindo representantes de federações industriais, escritórios de advocacia, bancos de investimento, auditorias e consultorias em geral), que discutirão o Projeto de Lei 6558/13 (que instituiu o Brasil+Competitivo).

gamer-impostosNessa reunião vamos pedir ao secretário da receita federal uma audiência e também vamos convidá-lo junto com o Ministro da Fazenda para uma reunião com o setor de comércio de games no Brasil para explicar os problemas que nosso setor vem passando devido a alta tributação.

Audiência Pública: Brasil+Competitivo

Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio – CDEIC
DATA: 27 de novembro, quarta-feira
HORÁRIO: 11 horas
LOCAL: Plenário 5 – Anexo II da Câmara dos Deputados (Brasília)

Os Convidados para debater o Brasil+Competitivo na Audiência Pública são (ou representantes desses):

1 – Fernando Pimentel, Ministro de Estado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC);
2 – Alexandre Tombini, Presidente do Banco Central do Brasil (Bacen);
3 – Carlos Alberto Freitas Barreto, Secretário da Secretaria da Receita Federal – SRF/MF; e
acigames_fundo_branco4 – Leonardo Pereira, Presidente da Comissão de Valores Mobiliários – CVM.