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Virei Game Designer: O Short Game Design Document


No último texto (veja aqui) pontuei cinco perguntas que devem ser respondidas antes de começarmos a detalhar nosso projeto. Com essas informações em mãos, normalmente caminhos para a elaboração de um documento mais completo sobre o jogo. Se você é da área, provavelmente conhece o famoso Game Design Document. Para quem não está familiarizado, o GDD é uma ferramenta textual produzida por um game designer (se não sabe o que um game designer faz, veja aqui) que descreve todas as informações básicas de premissa, conceitos, passando por personagens e cenários, informações mais detalhadas como projeto de levels e até sons. Muitas vezes, esse documento é chamado de “bíblia” do jogo, sendo realmente usado como uma Bíblia, uma referência para todos os envolvidos no desenvolvimento do projeto, mantendo todos ligados aos mesmos objetivos¹.

  • Mas uma Bíblia não é um livro imenso, com uma infinidade de capítulos e páginas? od_design_doc

Exato. Nessa questão está a resposta para não fazermos um GDD logo de cara. Pela complexidade e quantidade de informações necessárias para termos um documento desse porte, começar seu projeto por ele, na prática, é algo que requer tempo e dedicação. Tempo nos dias atuais é algo que não temos, por isso existem outras maneiras de definirmos pontos chaves para toda a equipe desenvolver seu trabalho.

  • Qual?

Dos modelos que vi, o que mais me adaptei foi o Short Game Designer Document. Conheci a proposta em um SBGames e utilizo em meus projetos. A ideia é:¹

  1. Descrever de forma sintética o enredo do jogo;
  2. Descrever todo o jogo, do início ao fim, num texto corrido;
  3. Marcar no texto, com cores, negrito, etc., o conteúdo de arte/interface/músicas e mecânicas;
  4. Criar listas contendo os elementos de arte, interface, música e programação;
  5. Caso seja necessário, descrever na forma de desenhos o level design do jogo (gráfico do fluxo), que pode variar seu tamanho dependendo do design do jogo;
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Exemplo de utilização no jogo Rockergirl Bikeway.¹

  • Esse modelo serve em para todos os projetos?

Não. Um documento de uma página jamais descreverá a complexidade de informações necessárias para elaboração de um jogo. No exemplo anterior percebam que não existe um detalhamento de como são os personagens esteticamente, como será o level design das fases e qual a identidade visual do jogo. Dependendo da sua equipe é possível dar uma liberdade para os demais executarem essas funções e terem maior liberdade criativa nesse processo. Quando levantei as cinco questões anteriores e comentei a utilização de fotos para exemplificar as propostas, foi uma das maneiras que encontrei para facilitar o trabalho dos artistas e mantê-los na minha linha de raciocínio.

Fazer um jogo em que cada um tem uma visão diferente do todo é um erro grave, portanto tente alinhar as ideias e delimitar precisamente os pontos chaves do projeto.

Se tiverem alguma dúvida, perguntem. Gostaram dessa ideia? Utilizam? Conhecem alguma outra? Vamos discutir.

¹Todas as informações que citei foram retiradas do artigo: Short game design document (SGDD): Documento de game design aplicado a jogos de pequeno porte e advergames. Um estudo de caso do advergame Rockergirl Bikeway (confira aqui).


Dá pra lançar um Game sozinho sem ter que largar o emprego?


Para os desenvolvedores independentes o processo de produzir e, de fato, lançar um jogo no mercado não é para qualquer um. Ainda mais quando falamos de projetos que envolvem poucos recursos e tempo, como é caso da maioria dos desenvolvedores indies. Talvez o mais difícil não é aprender a linguagem de programação, nem escrever o roteiro da estória, muito menos criar a campanha de promoção do game. O difícil é fazer tudo isso de forma planejada, organizada e sistemática, em pouco tempo, com pouca gente ajudando, sem grana e sem atrasos.

lançar-um-game-sozinho-M&G-1Quer saber mais? O difícil mesmo é se manter motivado e não desistir diante de tantas dificuldades. Quando a grana encurta, é compreensível que o cara desista do sonho de lançar seu próprio jogo – pelo menos temporariamente – para poder se dedicar ao trabalho que vai botar comida na mesa. De qualquer maneira, a boa notícia é que é possível, sim, lançar um jogo no mercado conciliando suas responsabilidades, poucos recursos e a falta de tempo. E o segredo está na GESTÃO do projeto, e não no conhecimento técnico ou na disponibilidade de recursos (materiais, humanos e financeiros). Uma pessoa que sabe gerir pessoas e recursos tem mais chances de conseguir lançar um jogo do que uma pessoa que manja muito de modelagem 3D e programação em C++, por exemplo.

A gestão de um projeto significa aplicar metodologias de pesquisa, planejamento e execução de acordo com seu escopo (complexidade) e seus objetivos. E uma gestão eficiente requer, antes de mais nada, bom senso e pragmatismo por parte do gerente do projeto. Ter os “pés no chão” é pré-requisito para que qualquer projeto tenha chances de sucesso, afinal, ter os pés no chão significa ter consciência do que o empreendedor deseja como resultado final e consciência do que ele pode realmente entregar. Saber identificar o quanto de recursos o projeto necessita é mais importante do que dominar uma tecnologia específica.

lançar-um-game-sozinho-M&G-2O erro mais comum cometido por aqueles que desistem no meio do caminho é não saber dimensionar o tamanho do projeto, de suas ambições, em relação ao que realmente é possível. Ou seja, saber exatamente o que se quer e o que pode de fato ser feito, é a primeira tarefa do projeto. Refletir sobre isso antes de tudo poderia te poupar de uma grande frustração lá na frente. Imagine ter gasto mais de 6 meses na modelagem de personagens e itens do seu game e descobrir depois que não será possível usar esses assets por problemas de incompatibilidade técnica ou por alguma questão jurídica que o impeça de continuar com a idéia? Quer outro exemplo? Imagine que você decidiu que precisa de 4 pessoas pra te ajudar na produção de um jogo. Se já é difícil administrar o seu próprio (e pouco) tempo, como fazer para organizar, separar as tarefas de cada um, estabelecer datas de entrega e supervisionar o trabalho dos seus colaboradores? Não seria mais inteligente fazer um game mais simples que necessitasse somente de 1 pessoa te ajudando?

Enfim, “lançar” um jogo no mercado, significa então saber:

  1. Estabelecer objetivos: Qual é o propósito do jogo/projeto a ser lançado?
  2. Definir o escopo do projeto: Qual é a complexidade desse jogo? Precisa de gráficos surpreendentes ou pode-se usar algo mais simples?
  3. Estabelecer métodos/processos de trabalho que possam ser supervisionados e controlados: Quem faz, como faz e quando faz?
  4. Planejar o marketing desde o início, antes do jogo começar a ser produzido: Aspectos de marketing como preço, posicionamento e canais de distribuição devem ser definidos para permitir o game design correto.
  5. Qualidade de vida: O propósito mais importante deve ser a satisfação pessoal, antes de qualquer coisa. Você pode optar por deixar de ir pra balada para se dedicar ao seu projeto desde que isso lhe traga satisfação pessoal, lhe traga sensação de missão cumprida e que te motive a iniciar/terminar outros projetos. Se você não estiver motivado ou satisfeito, não terminará o projeto. E se mesmo insatisfeito terminar seu projeto, pode apostar que ele não estará bom.

O curso “Como lançar um game sem largar seu emprego” tem como objetivo passar aos participantes esses e outros aspectos que são tão importantes quanto as técnicas especificas de produção. Aprender como raciocinar e planejar e como administrar recursos limitados mantendo a qualidade de vida é o propósito deste curso.

Caso tenha interesse em saber mais:

Curso: Como lançar um game sem largar seu emprego
Quando: Nesta próxima Terça 19 de Agosto das 19hs às 23hs (São Paulo)